'Somos pequenas, mas grandes em saber': crianças indígenas entregam carta com demandas para COP 30
Documento foi entregue nesta sexta-feira (11) ao governo federal em ato simbólico no Acampamento Terra Livre, em Brasília. Crianças indígenas entregam carta...

Documento foi entregue nesta sexta-feira (11) ao governo federal em ato simbólico no Acampamento Terra Livre, em Brasília. Crianças indígenas entregam carta com demandas para COP 30 Crianças indígenas entregaram, na manhã desta sexta-feira (11), uma carta ao governo federal com demandas para a COP 30 no Brasil, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que será realizada em Belém (PA) em novembro deste ano. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. "Dizem que somos pequenas, mas somos grandes em saber, porque aprendemos com nossos ancestrais: a Terra é nossa mãe e precisa ser cuidada. Quando ela sofre, nós também sofremos juntos", afirmam as crianças no documento. Várias etnias estão reunidas no Acampamento Terra Livre — a maior mobilização indígena do país — desde o último fim de semana. Cerca de 8 mil indígenas participam do encontro, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). As atividades e debates sobre direitos e políticas para os povos originários vão até sexta-feira (11). Na carta, o grupo pede atenção à preservação dos rios e das matas e questionam o futuro do planeta diante das mudanças climáticas e da utilização irregular das terras indígenas. "Estamos aqui para cuidar do nosso mundo, da nossa floresta e, principalmente, do nosso direito de existir. Escutem o nosso chamado: somos parte da solução", afirmam as crianças. Crianças indígenas cantam em cerimônia no Acampamento Terra Livre Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas Belém, capital do Pará, será a sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. A COP 30 reunirá líderes globais entre os dias 10 e 21 de novembro. Diplomatas ouvidos pela TV Globo e pela GloboNews destacam que tarefas escanteadas e não cumpridas pela COP 29, que aconteceu no Azerbaijão, em 2024, deverão pressionar a cúpula brasileira. Para o Itamaraty, a COP 30 poderá deixar como "grande legado" a renovação de compromissos com a redução das emissões de gases poluentes e o término de debates que o Azerbaijão não concluiu. Confira a íntegra da carta: "Nós, as crianças indígenas da Amazônia, somos a voz da Terra que nunca se cala e a raiz que segura o futuro. Estamos aqui para cuidar do nosso mundo, da nossa floresta e, principalmente, do nosso direito de existir. Todos os dias vemos que as coisas ao nosso redor mudam. Dizem que somos pequenas, mas somos grandes em saber, porque aprendemos com nossos ancestrais: a Terra é nossa mãe e precisa ser cuidada. Quando ela sofre, nós também sofremos juntos. Os rios estão ficando secos, os animais estão sumindo, a fumaça chega e afeta nossa respiração, e as chuvas que deviam cair agora demoram a chegar. E quando vêm, são muito fortes e causam grandes alagamentos. Nossas florestas estão sendo desmatadas e feridas, e nossos rios estão ficando secos e poluídos. Estão acabando com tudo o que a gente conhece, ama e respeita. Estão destruindo a nossa floresta. Como vai ser o nosso dia de amanhã, se hoje já estamos perdendo tantas coisas? Sempre falam que somos o futuro, mas somos o presente e o agora! Os ancestrais nos ensinaram a ouvir a natureza, e agora pedimos que os outros adultos nos ouçam. Estamos ouvindo o som do mundo de vocês desmoronando. E vocês conseguem ouvir? Escutem o nosso chamado: somos parte da solução. Sabemos que existe um jeito de salvar o nosso mundo e estamos prontos para caminhar juntos, unidos para proteger nossas terras, nossos rios e nossas culturas. Ao cobrar a proteção da floresta e de todo o planeta de quem governa e toma decisões, nós, crianças indígenas do mundo, compartilhamos a autoridade climática que vem dos nossos ancestrais. Nossa voz deve ser ouvida e respeitada. Escutar nosso chamado significa assumir compromissos de verdade para proteger o clima e o mundo. Queremos água limpa, sem poluição e sem minério. Não queremos que nossos rios e igarapés sejam sujos com petróleo. Defendemos todos os seres vivos. Se não cuidarem do nosso mundo, não vai haver futuro para nós, crianças. E a luta não é só nossa, é de todo mundo. O nosso tempo é agora! Somos crianças, sim, e somos resistência! Hoje, nossas vozes estão mais fortes do que nunca. O mundo precisa saber: A RESPOSTA SOMOS NÓS! TODOS NÓS!" LEIA TAMBÉM: CONFUSÃO: deputada é atingida por gás de pimenta durante ato de indígenas em frente ao Congresso VÍDEO: polícia usa gás lacrimogênio para conter confusão durante marcha indígena em Brasília Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.